Ponto Final

Matchpoint – Woody Allen – 2005

Scarlett Johansson
Jonathan Rhys Meyers
Matthew Goode
Brian Cox
Emily Mortimer

Dirigidos por
Woody Allen

Numa partida de tênis, quando a bola bate na rede, você acha que ela irá cair para o lado do mais talentoso tenista ou do mais sortudo?

“Uma alma tem mais sorte por não ter nascido”. Sófocles.

Woody Allen é um gênio. Muito tem sido comentado sobre Allen nos últimos tempos. Alguns afirmam que Ponto Final é o filme menos característico do cineasta, pode até ter razão, é verdade, mas muitos elementos da biografia do diretor podem ser visto na película. Se não fosse um legítimo Allen, quem poderia reclamar a autoria da obra? Talvez a grande “falta” de Ponto Final para se parecer com um filme Woodiano seria a personagem psicótica-hipocondríaca-melodramática. Os outros elementos estão todos lá. Os diálogos existenciais, as mulheres inteligentes e a bela fotografia da cidade – que também exerce função na história. Alguns outros fatos também ajudam a polemizar, é o primeiro filme de Allen totalmente rodado em outra cidade que não Nova Iorque, é o filme mais longo da carreira do diretor e foi produzido por ingleses.

Woody Allen afirma que o fracasso comercial de seus filmes no mercado norte-americano, o levaram a Londres.

Chris Wilton (Jonathan Rhys Meyers), ex-jogador de tênis, é contratado por um clube para dar aulas aos associados, torna-se instrutor do jovem Tom Hewett (Matthew Goode), filho do bilionário Alec Hewett (Brian Cox) e irmão de Chloe (Emily Mortimer) que se apaixona pelo tenista. Num fim de semana no castelo da família, Chris flerta com a bela Nola Rice (Scarlett Johansson), que depois descobre ser noiva de Tom. Apaixonado, ele não segura a atração e passa a cortejá-la.

Como numa ópera, Allen narra a tragédia com extremo cuidado. Apesar de todos já esperarmos as complicações daquele caso, as árias são meticulosamente ensaiadas para chegar no grand finale surpreendente.

Ironia do destino, a frase final do filme talvez defina muito bem o pensamento de Allan Stewart Königsberg, verdadeiro nome de Woody Allen, sobre toda essa polêmica.

“Não me interessa que seja bom, só espero que tenha sorte”.

* 1 indicação ao Oscar: Melhor Roteiro Original (Woody Allen).

Comentários

Anônimo disse…
Acho que 40% de tudo na vida é sorte, o resto é talento e inteligência!
Kamila disse…
Eu adorei "Ponto Final" e a maneira como Allen manipula a nossa interpretação da história que ele conta. O filme é intrigante e muito interessante. Mas, discordo de você em um ponto: acho que "Ponto Final" tem elementos que diferem muito da filmografia de Allen.
Museu do Cinema disse…
Oi Kamila, legal você mostrar seu ponto de vista. Mas o que difere? cite exemplos!
Kamila disse…
Bom, para começar: o filme se passa em Londres, e não em NY. Não temos aquele personagem que parece ser o alter ego do próprio Allen. E, para terminar, o filme é extremamente sensual - nem parece que as cenas mais "quentes" do filme foram feitas pelo Allen.
Museu do Cinema disse…
Concordo contigo, alias, tem no meu post isso! A única coisa que discordo, e é exatamente ai que ocorre o equivoco é que as cenas mais sensuais, são raras nos filmes de Allen, em sua maioria comédia, mas se você puxar um pouco pela memória, verá em Poderosa Afrodite ou Escorpião de Jade não só mulheres sensuais, como a personagem de Nola, como cenas muito sensuais. O meu ponto de vista é de que, tirando os dois pontos principais dos filmes de Allen, o sujeito psicótico-hipocondríaco-melodramático e NY, todas as outras "caracteristicas" do cineasta estão lá: mulheres inteligentes, Londres fazendo papel coadjuvante, personagens idiotas - o policial, e os dialogos inteligentes. Mas acho essa discussão ótima Kamila, estou querendo rever alguns filmes do Woody Allen só para encontrar pontos em comum.
Anônimo disse…
cassiano amigo, tenho que concordar com a karina. é o filme menos woody allen de woody allen. mesmo assim, vou assistir novamente poderosa afrodite.
Robson Csota disse…
Vi esse filme anteontem e como um fã de Dostoiévsky não posso deixar de comentar (mesmo depois de tanto tempo de sua crítica) que foi o melhor "adaptação" de uma história do mestre russo já feita até hoje, pelo menos no que concerne ao sentindo já que o filme se baseia em trechos de Crime e Castigo e outros livros de Doistoiévsky. Interessante é a refência a isso no início do filme quando o personagem principal lê...Crime e Castigo. Um filme fantástico....