Sergio Leone

Sergio Leone

A influência de Leone sobre os seus contemporâneos foi grande, sobre os novos e consagrados cineastas é enorme. Quentin Tarantino, Clint Eastwood, John Woo e Robert Rodriguez são exemplos do legado deixado por esse diretor italiano. Começou sua cinematografia com os filmes chamados “peplum” e mais tarde consolidou o “western spaguetti”. Peplum é a forma latina da palavra grega “peplos”, que nomeava a túnica curta (saiote) usado na antiguidade. Quo vadis? (1951), no qual Leone foi diretor de segunda unidade, Ben-Hur (1959), também diretor de segunda unidade, e Sansão e Dalila (1949) são exemplos de peplum.

Nas produções dos filmes pepluns Leone se formou. Começou como diretor-assistente e diretor de segunda unidade e, posteriormente, como diretor em O Colosso de Rodes (1961). Nessa escola, aprendeu a lidar com panorâmicas, grandes espaços, multidões e, o que veio a se tornar sua maior marca registrada, os belos closes focados no centro da tela.

Já no seu segundo movimento cinematográfico, na verdade um sub-gênero dos faroestes, os faroestes-espaguete, Leone foi inventor e mestre. Ele o inventou com Por um Punhado de Dólares (1964) e Por uns Dólares a mais (1965), e o sublimou com Era uma vez no Oeste (1968). A partir dele o gênero nunca mais foi o mesmo, principalmente após Meu Nome é Ninguém (1973) que divide os créditos com Tonino Valerii.

Os faroestes de Leone tiveram um ícone, Clint Eastwood, descoberto pelo próprio diretor italiano. Clint, que era um ator de segunda categoria e desconhecido da televisão norte-americana, passou a ser respeitado, principalmente no seu papel em Três Homens em Conflito (1966). Hoje contrariando todas as previsões, é um mestre na direção com longas inteligentes, sensíveis e muito bem realizados.

Assim como um diretor italiano foi o grande nome dos faroestes norte-americanos no seu apogeu, os pepluns italianos chegaram ao ápice com um diretor norte-americano, Stanley Kubrick, com Spartacus (1960).

Sergio Leone também mudou um pouco de gênero com Quando Explode a Violência (1971), e a sua outra obra-prima Era uma vez na América (1984), que faz parte da trilogia norte-americana do diretor romano, que começou com Era uma vez no Oeste, quando Leone assinou contrato com os estúdios Paramount para filmar mais um filme de faroeste, a pedido dos executivos, apesar da relutância de Leone em retornar ao gênero.

Para levar adiante o projeto, o diretor impôs fazer mais dois filmes e finalizar sua obra com a máfia. O último filme de Leone talvez seja o mais polêmico da sua carreira. Juntando no elenco Robert De Niro, James Woods, Joe Pesci, Elizabeth McGovern, Tuesday Weld, Treat Williams e William Forsythe, o genial diretor italiano conseguiu fazer uma obra que concorre com o clássico-épico O Poderoso Chefão (1972), de Francis Ford Coppola, como o melhor filme sobre a máfia. Sua elegância e inovação no método de filmagem, mudou a forma de encarar os filmes com mais de 2 horas de duração. Estão lá também os planos abertos, os planos fechados e os close-ups característicos de sua filmografia.

Mais o filme pelo qual Sergio será sempre lembrado é Era uma vez no Oeste, com Henry Fonda, Charles Bronson, Claudia Cardinale e Jason Robards. Baseado numa história de Leone, Bernardo Bertolucci e Dario Argento, o filme funciona como uma antologia das melhores cenas dos melhores faroestes norte-americanos. Funciona também junto com Meu Ódio será tua Herança (1969), de Sam Peckinpah, como o último dos faroestes – a partir deles, o gênero entra numa decadência, até o pupilo de Leone, Clint Eastwood, ressuscitá-lo ou quem sabe apenas dá-lhe um final belíssimo com Os Imperdoáveis (1992). Funciona, ainda, como uma demonstração do poder do capitalismo, simbolizado no filme pela estrada-de-ferro que, partindo da costa leste americana, chega finalmente ao Pacífico e serve como motivo para disputas.

Apesar de ser associado ao pós-modernismo, Era uma vez no Oeste ultrapassa o próprio gênero. Ele tem o sopro épico dos grandes filmes do cinema como Os 10 Mandamentos (1956), Cidadão Kane (1941) e O Poderoso Chefão (1972), que o coloca em definitivo na seara dos clássicos. As imagens concebidas por Leone, lentas, formalistas até o último fotograma, repletas de close-ups de olhos, sublinhadas pela música de Ennio Morricone, um parceiro que ajudou a dar voz nas “pinturas” de Leone, numa parceria de quase 30 anos, são dignas de um gênio que inventou uma forma de contar histórias usando uma câmera!

Sergio Leone – 3 de janeiro de 1929 / 30 de abril de 1989.

Comentários

Anônimo disse…
Sergio Leone era o cara, eu amo aqueles "Spaguetti Western", ele era um cara de atitude. Eu gosto mesmo dos filmes dele, Era Uma Vez na América é muito bom.
Museu do Cinema disse…
Como diria Tarantino Roberta, o cara sou eu, o Leone era o puta que pariu do CARA!
Dani Vieira disse…
Hahaha...Gino Leone...Sobrinho de Sergio Leone é MEU AMIGO!!!!!!
Está hospedado em minha casa...xD
Que honra!
PQP!
aprigiohistoria disse…
genial, genial,genial. De 1960 para cá não não existe ninguém à sua altura. Ele foi sobrenatural sem fazer filmes sobre o sobrenatural.
aprigiohistoria disse…
genial, genial,genial. De 1960 para cá não não existe ninguém à sua altura. Ele foi sobrenatural sem fazer filmes sobre o sobrenatural.